vi uma palavra atrás de outra palavra, depois outra, e mais uma, quer dizer, uma em cima da outra: um montinho de ideias - como aqueles que fazemos quando crianças: uma criança deitada (deitaram ela lá) no chão enquanto as outras pulam em cima dessa aos gritos de Montinhooo: tchá, tchá, tchá, tchá. a debaixo fica esmagada até não fazer barulho, a debaixo que é a primeira, ideia. não a ouço, mas ela continua sendo a responsável pelas que vieram em seguida. comecei a assistir uma série com esse suposto feio da categoria dos galãs, não sei, um gostoso porque garoto propaganda de marca gringa de perfume, um bonito mesmo feio porque a indústria do cinema aceitou como protagonista: O Urso. se é bonito porque sofre, não vou entrar nesse assunto. um dia depois de começar a assistir a série e acumular na cabeça milhares de cenas de comida e cozinha e família “me vem” a Nina Horta. de repente eu acho que é de repente. não acho o livro da Nina na estante, mas um caderno de receitas da família. lá a receita do pastel da vó Dalva que fazia minha mãe salivar e chorar de saudade. nas páginas extras as receitas da minha mãe, na letra desenhada dela. me vem um tanto de vezes eu na sala ela me chama: filha, vem aprender a fazer meu pão. por que eu negava hoje sei: se eu aprendesse a fazer o pão da minha mãe, não seria o pão da minha mãe.
05.05.2024
Seria o pão da mãe do Levi.
De alguma forma você sovou o pão.