pra me afogar precisou a piscina da vizinha e a filha da vizinha minha mãe tremia contando a piscina da vizinha era feita como as piscinas são feitas um buraco no chão, revestimento azul a nossa piscina era um tanque de concreto crescia do chão até a linha da cintura de um adulto de dentro dela uma casa muito engraçada sem teto sem porta sem janela dava pra ver o fim do céu em dias claros a gente chuchava um pano no ralo e assistia a piscina encher com a água da mangueira bem devagar eu tinha cinco anos nesta cena, da garota me afogando essa memória é da minha mãe quando conto que a filha da Malu me afogou eu não tremo, nem lembro do rosto da Malu ou da criança lembro que a piscina era funda eu não me afogo, também não estou rindo penso se alguém vai querer um dia afogar o Levi penso no tio Leonardo jovem demais bonito demais o rio raso essa memória é da minha avó
17.04.2025
Sobre memórias de afogamento também escrevi uma carta. Foi semana passada. Afogamento, aquafobia, a superação e a imensidão do oceano, tudo junto e misturado.